A ema e Emma

Na canção de Jackson do Pandeiro, a ema geme pra avisar. Avisos nem sempre são alvissareiros. No entanto, é bom estar alerta. Atentos para os movimentos que tentam cercear a liberdade.

“A liberdade é a maior ameaça que pode pesar sobre a autoridade”, afirma Emma Goldman. Isso acontece porque as pessoas são forjadas dentro de uma tradição familiar e de uma rotina que não exigem nem grandes esforços tampouco personalidade. Isso transposto para o mundo da política ocorre com mais força, conforme essa pensadora. Nos círculos políticos não é criado nenhum espaço para a livre escolha, para o pensamento ou para a atividade independentes. “Só encontramos marionetes boas apenas para votar e pagar os impostos.”

“As perseguições contra o inovador, o dissidente, o contestador, sempre foram causadas pelo temor que a infalibilidade da autoridade constituída seja questionada e seu poder solapado.”

Bom, está avisado: este é um blog com escritos libertários.

Quando alguma ameaça pairar sobre nossas cabeças, a ema vai gemer.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

uma reflexão no dia dos estudantes


Pensadores socialistas e anarquistas concordam que a educação só tem pleno sentido se for para a auto-reflexão crítica, enfim como um processo libertário.
Para tanto, não apenas a educação formal, aquela oferecida nas escolas, mas também aquela dita informal, realizada pelo conjunto social pela via da ação cultural através do teatro, da imprensa, dos seus esforços de alfabetização e educação dos trabalhadores.
Segundo Silvio Gallo, os esforços anarquistas nesta área principiam com uma crítica à educação tradicional, oferecida pelo capitalismo, tanto em seu aparelho estatal de educação quanto nas instituições privadas - normalmente mantidas e geridas por ordens religiosas. Acrescento, quando não meramente capitalistas e que utilizam a educação como mercadoria.
A principal acusação libertária diz respeito ao caráter ideológico da educação, cujas escolas dedicam-se a reproduzir a estrutura da sociedade de exploração e dominação, ensinando os educandos a ocuparem seus lugares sociais pré-determinados.
Nesse contexto, a educação assume uma importância política bastante grande, embora ela se encontre devidamente mascarada sob uma aparente e propalada "neutralidade".
Desse modo, o caráter político da educação não é estar ao serviço da manutenção de uma ordem social, mas sim de sua transformação, denunciando as injustiças e desmascarando os sistemas de dominação, ao tempo em que desperta nos indivíduos a consciência da necessidade de uma revolução social.
  Se a liberdade, como queria Bakunin é conquistada e construída socialmente, a educação não pode partir dela, mas pode chegar a ela. Ou seja, uma educação anarquista coerente com seu intento de crítica e transformação social deve partir da autoridade não para tomá-la como absoluta e intransponível, mas para superá-la. O processo pedagógico de uma construção coletiva da liberdade consite, portanto, num processo de desconstrução paulatina da autoridade.
É incoerente uma filiada a um partido político fazer essas colocações? Alguns dirão que sim. Mas entendo ser possível travar a luta libertária por dentro das estruturas vigentes. Enfim, trata-se de educar seres humanos comprometidos não com a manutenção da sociedade de exploração, mas sim com o engajamento na luta e na construção de uma nova sociedade.

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