Não quero invocar em meu
favor qualquer tipo de teoria ou auxílio metafórico. O que vou expressar vem
apenas de uma observação fortuita de acontecimentos de um dia, mas que se
mostram carregados de significados.
Nem preciso repetir que
vivemos num mundo de imagens, de efemeridades e ausência de conteúdo. Vejam-se
as canções (se é que se pode assim chamar “eu quero tchu, eu quero tcha” e os programas de TV.
Habituado a essas expressões vazias, nosso povo não busca recheio nem estofo em
mais nada, contenta-se com a casca oca.
E assim é também no mundo
da política.
Para retomar o que disse no
início, em Cruz das Almas, a campanha política que se inicia vem com ares de
ópera bufa e filme de ação dos mais grotescos.
Na manhã do sábado, dia 28 de julho, véspera
do aniversário de 115 anos de emancipação política do município, vi a Praça
Senador Themístocles transformada, não em “festa da democracia”, mas numa arena
em que a grosseria e o desrespeito foram a tônica.
Dentre tudo que vi o que
mais me chocou, afora os impropérios e o espetáculo patético, foi o desrespeito
às crianças do ballet municipal que se apresentavam na praça em frente à
Prefeitura.
Ignorando (ou
menosprezando) a expressão da arte, um carro de som com decibéis acima do
permitido postou-se próximo às crianças bradando um jargão aos berros, cujo
barulho exageradamente alto impedia as crianças ouvirem a trilha sonora da sua
coreografia. Tal atitude estragou a expressão da arte. Arte que pode
representar um futuro mais digno para essas crianças e servir de referência para
tantas outras submetidas à lavagem cerebral da mídia dominante que as quer
dançarinas em shows cujas “canções” mais poéticas clamam: “mexe, mexe...”; “disfarça,
abaixa, agora mama...”; “dá pra nós que nós é patrão.”
Enquanto isso na cidade
universitária, os carros de som prosseguem ecoando números ao invés de propostas
que nos motivem a sair de casa no dia 7 de outubro.
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