A ema e Emma

Na canção de Jackson do Pandeiro, a ema geme pra avisar. Avisos nem sempre são alvissareiros. No entanto, é bom estar alerta. Atentos para os movimentos que tentam cercear a liberdade.

“A liberdade é a maior ameaça que pode pesar sobre a autoridade”, afirma Emma Goldman. Isso acontece porque as pessoas são forjadas dentro de uma tradição familiar e de uma rotina que não exigem nem grandes esforços tampouco personalidade. Isso transposto para o mundo da política ocorre com mais força, conforme essa pensadora. Nos círculos políticos não é criado nenhum espaço para a livre escolha, para o pensamento ou para a atividade independentes. “Só encontramos marionetes boas apenas para votar e pagar os impostos.”

“As perseguições contra o inovador, o dissidente, o contestador, sempre foram causadas pelo temor que a infalibilidade da autoridade constituída seja questionada e seu poder solapado.”

Bom, está avisado: este é um blog com escritos libertários.

Quando alguma ameaça pairar sobre nossas cabeças, a ema vai gemer.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A rudeza e a cultura


Não quero invocar em meu favor qualquer tipo de teoria ou auxílio metafórico. O que vou expressar vem apenas de uma observação fortuita de acontecimentos de um dia, mas que se mostram carregados de significados.
Nem preciso repetir que vivemos num mundo de imagens, de efemeridades e ausência de conteúdo. Vejam-se as canções (se é que se pode assim chamar “eu quero tchu, eu quero tcha” e os programas de TV. Habituado a essas expressões vazias, nosso povo não busca recheio nem estofo em mais nada, contenta-se com a casca oca.
E assim é também no mundo da política.
Para retomar o que disse no início, em Cruz das Almas, a campanha política que se inicia vem com ares de ópera bufa e filme de ação dos mais grotescos.
 Na manhã do sábado, dia 28 de julho, véspera do aniversário de 115 anos de emancipação política do município, vi a Praça Senador Themístocles transformada, não em “festa da democracia”, mas numa arena em que a grosseria e o desrespeito foram a tônica.
Dentre tudo que vi o que mais me chocou, afora os impropérios e o espetáculo patético, foi o desrespeito às crianças do ballet municipal que se apresentavam na praça em frente à Prefeitura.
Ignorando (ou menosprezando) a expressão da arte, um carro de som com decibéis acima do permitido postou-se próximo às crianças bradando um jargão aos berros, cujo barulho exageradamente alto impedia as crianças ouvirem a trilha sonora da sua coreografia. Tal atitude estragou a expressão da arte. Arte que pode representar um futuro mais digno para essas crianças e servir de referência para tantas outras submetidas à lavagem cerebral da mídia dominante que as quer dançarinas em shows cujas “canções” mais poéticas clamam: “mexe, mexe...”; “disfarça, abaixa, agora mama...”; “dá pra nós que nós é patrão.”
Enquanto isso na cidade universitária, os carros de som prosseguem ecoando números ao invés de propostas que nos motivem a sair de casa no dia 7 de outubro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário