A ema e Emma

Na canção de Jackson do Pandeiro, a ema geme pra avisar. Avisos nem sempre são alvissareiros. No entanto, é bom estar alerta. Atentos para os movimentos que tentam cercear a liberdade.

“A liberdade é a maior ameaça que pode pesar sobre a autoridade”, afirma Emma Goldman. Isso acontece porque as pessoas são forjadas dentro de uma tradição familiar e de uma rotina que não exigem nem grandes esforços tampouco personalidade. Isso transposto para o mundo da política ocorre com mais força, conforme essa pensadora. Nos círculos políticos não é criado nenhum espaço para a livre escolha, para o pensamento ou para a atividade independentes. “Só encontramos marionetes boas apenas para votar e pagar os impostos.”

“As perseguições contra o inovador, o dissidente, o contestador, sempre foram causadas pelo temor que a infalibilidade da autoridade constituída seja questionada e seu poder solapado.”

Bom, está avisado: este é um blog com escritos libertários.

Quando alguma ameaça pairar sobre nossas cabeças, a ema vai gemer.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Autogoverno ou ser governado: eis a questão

Nesta primeira postagem quero trazer para o debate o papel das gestões de esquerda e o protagonismo dos cidadãos.


O sociólogo Chico de Oliveira, na apresentação do livro Desenvolvimento local e socialismo, de Celso Daniel e outros autores como Marina Silva, Miguel Rosseto e Ladislau Dowbor, faz a seguinte reflexão sobre o papel dos partidos de esquerda, de modo particular o Partido dos Trabalhadores, na abordagem das questões concretas urgentes sem perder de vista a perspectiva histórica mais ampla do futuro.


“... as gestões de esquerda não devem ser apenas o breve ciclo de uma administração, mas precisam também realizar concretamente, na vida cotidiana das cidades, das cidadãs e cidadãos, uma mudança cujo nome histórico é socialismo.”


Isto não é algo para acontecer um dia qualquer após a revolução, mas para ser construído diuturnamente, continua ele. “A perspectiva histórica do socialismo ajuda, orienta e valoriza medidas simples, ao alcance da cidadania, sem a grandiloqüência dos grandes eventos, mas preparando-a para o autogoverno.”
Observa-se aí uma reaproximação entre o devir do socialismo e o do anarquismo? A autogestão como a forma ideal de vida na sociedade?


Emma Goldman entende que o “objetivo legítimo da sociedade é prover as necessidades do indivíduo e ajudá-lo a realizar seus desejos”. E só nesse caso ela se justifica e participa dos progressos da civilização e da cultura.


Para finalizar, faço minhas as palavras dessa teórica anarquista: “Sei que os representantes dos partidos políticos e os homens que lutam com selvageria pelo poder me estigmatizarão com a marca do anacronismo incorrigível. Pois bem, aceito com alegria essa acusação. É para mim um conforto saber que falta consistência à sua histeria e que seus louvores são sempre temporários.”


Será que a ema geme?

2 comentários:

  1. Bom demais Graça! Mas ainda há socialistas que não compreenderam a nossa crítica ao partidarismo salvacionista.

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  2. É isso, Dalmo. Por isso a nossa luta não pode cessar.

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