Há algumas décadas fora anunciado o
fim das ideologias. No final da década de 1950 com o sucesso do capitalismo e o
fim do comunismo no Ocidente (mas Cuba surpreendeu no final da década e
implantou o comunismo) e na década de 1990 com a derrocada da União Soviética e
a consolidação da globalização econômica.
Para os que assim pensam, o mundo
teria atingido seu ápice civilizatório, com o predomínio a democracia e pleno
acesso aos bens de consumo.
Quando dizem isso, intelectuais norte
americanos e europeus estão olhando para o próprio umbigo e com lentes
cor-de-rosa. Pois se aprofundarem o olhar para o resto do mundo e para seus
próprios países, seus olhos nus mostrarão outra realidade. A África e suas
mazelas, a América do Sul e sua permanente luta por emancipação e as próprias
nações do norte enfrentando crises de grande porte, mas sem querer perder a
pose.
O Brasil da última década vem
passando por transformações que, se por um lado se configuram como avanço, por
outro contribui para o modelo dominante voltado para o consumo de bens duráveis
(nem tão duráveis assim), Isso sem falar nas demais concessões ao neoliberalismo
e na convivência com forças conservadoras.
Neste ano de eleições municipais, as
questões postas acima afloram no modelo de campanha intensivamente capitalizada
e na falta de identidade ideológica dos eleitores. Como não há um marco
claramente perceptível entre os partidos e coligações de direita e de esquerda,
o eleitorado se inclina para o lado que lhe oferece vantagens individuais. Há
uma clara perda da visão de coletividade. Grupos seguem esse ou aquele
candidato pelo que podem vislumbrar para si ou sua família, para se vingar do
ora adversário que não atendeu aos seus pleitos, enfim, qualquer motivação
particular.
E assim colorem-se as cidades com
bandeiras de diversos matizes salpicadas de números vazios. Onda de uma cor pra
lá, onde de outra cor pra cá e os eleitores se embalam ao sabor dessas ondas
sem saber exatamente a que mares elas irão conduzi-los ou em que porto irá
desembarcá-los.
Cá no meu canto contemplo tristonha,
pois detesto ser expectadora.
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