A ema e Emma

Na canção de Jackson do Pandeiro, a ema geme pra avisar. Avisos nem sempre são alvissareiros. No entanto, é bom estar alerta. Atentos para os movimentos que tentam cercear a liberdade.

“A liberdade é a maior ameaça que pode pesar sobre a autoridade”, afirma Emma Goldman. Isso acontece porque as pessoas são forjadas dentro de uma tradição familiar e de uma rotina que não exigem nem grandes esforços tampouco personalidade. Isso transposto para o mundo da política ocorre com mais força, conforme essa pensadora. Nos círculos políticos não é criado nenhum espaço para a livre escolha, para o pensamento ou para a atividade independentes. “Só encontramos marionetes boas apenas para votar e pagar os impostos.”

“As perseguições contra o inovador, o dissidente, o contestador, sempre foram causadas pelo temor que a infalibilidade da autoridade constituída seja questionada e seu poder solapado.”

Bom, está avisado: este é um blog com escritos libertários.

Quando alguma ameaça pairar sobre nossas cabeças, a ema vai gemer.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

cores e números



Há algumas décadas fora anunciado o fim das ideologias. No final da década de 1950 com o sucesso do capitalismo e o fim do comunismo no Ocidente (mas Cuba surpreendeu no final da década e implantou o comunismo) e na década de 1990 com a derrocada da União Soviética e a consolidação da globalização econômica.
Para os que assim pensam, o mundo teria atingido seu ápice civilizatório, com o predomínio a democracia e pleno acesso aos bens de consumo.
Quando dizem isso, intelectuais norte americanos e europeus estão olhando para o próprio umbigo e com lentes cor-de-rosa. Pois se aprofundarem o olhar para o resto do mundo e para seus próprios países, seus olhos nus mostrarão outra realidade. A África e suas mazelas, a América do Sul e sua permanente luta por emancipação e as próprias nações do norte enfrentando crises de grande porte, mas sem querer perder a pose.
O Brasil da última década vem passando por transformações que, se por um lado se configuram como avanço, por outro contribui para o modelo dominante voltado para o consumo de bens duráveis (nem tão duráveis assim), Isso sem falar nas demais concessões ao neoliberalismo e na convivência com forças conservadoras.
Neste ano de eleições municipais, as questões postas acima afloram no modelo de campanha intensivamente capitalizada e na falta de identidade ideológica dos eleitores. Como não há um marco claramente perceptível entre os partidos e coligações de direita e de esquerda, o eleitorado se inclina para o lado que lhe oferece vantagens individuais. Há uma clara perda da visão de coletividade. Grupos seguem esse ou aquele candidato pelo que podem vislumbrar para si ou sua família, para se vingar do ora adversário que não atendeu aos seus pleitos, enfim, qualquer motivação particular.
E assim colorem-se as cidades com bandeiras de diversos matizes salpicadas de números vazios. Onda de uma cor pra lá, onde de outra cor pra cá e os eleitores se embalam ao sabor dessas ondas sem saber exatamente a que mares elas irão conduzi-los ou em que porto irá desembarcá-los.
Cá no meu canto contemplo tristonha, pois detesto ser expectadora.

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